Patrimônio Natural
Cofre de muitas riquezas e fator de equilíbrio do planeta, a conservação da floresta está se tornando um tema cada vez mais importante num mundo congestionado. Em 2011, Ano Internacional das Florestas, a ONU quer liderar um movimento global pela valorização do patrimônio e dos serviços florestais
As florestas são vitais para a sobrevivência e o bem-estar dos 7 bilhões de seres humanos. Elas proporcionam abrigo, alimentos, remédios, água potável e serviços ambientais indispensáveis, como a conservação da biodiversidade, a renovação genética, o abastecimento de água, a polinização, o sequestro de carbono, o controle de inundações e a proteção do solo contra a erosão e a desertificação. Além disso, desempenham um papel crucial na manutenção da estabilidade do clima sob o impacto de fortes mudanças.
Todo esse valor, difícil de ser estimado economicamente e de ser "precificado" monetariamente, vem sendo solenemente desprezado, sobretudo nos países tropicais onde as florestas ainda existem em relativa abundância. Em contraste, vários países desenvolvidos de clima frio e temperado - os que não destruíram todas as florestas no passado - hoje preservam zelosamente as suas e investem para recuperá-las, como o Japão, a Alemanha e a França. A urgência em reverter o declínio progressivo das florestas no mundo levou a Assembleia Geral da ONU a declarar 2011 como o Ano Internacional das Florestas, a fim de elevar a conscientização sobre sua gestão sustentável e conservação.
O esforço é mais do que necessário. Nada menos do que 1,6 bilhão de pessoas, em torno de 22% da população mundial, dependem das florestas para a subsistência, entre as quais 2 mil culturas indígenas. Além de fornecer comida e abrigo, elas oferecem inúmeros produtos valiosos, como madeira, lenha, frutas, genes, remédios, enzimas, resinas e óleos.
Só a retenção de gás carbônico pela biomassa florestal, evitando sua emissão na atmosfera, vale US$ 3,7 trilhões, segundo o estudo Rumo à Economia Verde, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Já o valor da biodiversidade para a produção de comida, fibras, óleos e a polinização da agricultura chega a US$ 190 bilhões por ano. Para a inovação médica e a renovação genética, vitais para o agronegócio e a indústria farmacêutica, as florestas movimentam mais US$ 640 bilhões. Tudo isso sem falar do valor intangível, imaginário e simbólico da preservação dos espaços naturais selvagens num mundo cada vez mais desprovido deles.
Cofre de muitas riquezas e fator de equilíbrio do planeta, a conservação da floresta está se tornando um tema cada vez mais importante num mundo congestionado. Em 2011, Ano Internacional das Florestas, a ONU quer liderar um movimento global pela valorização do patrimônio e dos serviços florestais
Embora as florestas sejam ecossistemas muito produtivos, a expansão das fronteiras agrárias nos países em desenvolvimento fomenta elevadas taxas de desmatamento, respondendo por cerca de um quarto de emissões antropogênicas (de origem humana) do gás carbônico (CO2), o principal gás do efeito estufa que esquenta o planeta. Só no Brasil, entre 2000 e 2005, cerca de 7 milhões de hectares de florestas (70 mil quilômetros quadrados, ou os Estados do Rio de Janeiro e de Alagoas somados) foram perdidos.
Como a maioria dos bens naturais que não tem "dono" - como o ar, a água, o clima, o sol e o mar - os serviços florestais são usados por todos e depredados por todos até o momento em que a natureza cobra a conta, como no caso dos deslizamentos de terra nas encostas desmatadas.
Fonte de mais de 40% do oxigênio produzido no mundo, as florestas são "sumidouros" de carbono. Por meio da fotossíntese, elas transformam carbono em oxigênio. Em escala global, estima-se que os ecossistemas florestais contenham cerca de 80% do carbono terrestre acima do solo e 40% do localizado abaixo do solo. Há mais carbono armazenado nas florestas do que na atmosfera terrestre.
Cerca de 20% das emissões de CO2 provêm de atividades relacionadas ao desmatamento e à degradação florestal. O índice excede a totalidade da contribuição do setor dos transportes para a poluição mundial. O desflorestamento é hoje a segunda maior fonte de emissões de gases-estufa no mundo, só perdendo para os combustíveis fósseis. Deter ou diminuir o desmatamento é a alternativa mais barata de ação global no campo da mitigação climática.
Cofre de muitas riquezas e fator de equilíbrio do planeta, a conservação da floresta está se tornando um tema cada vez mais importante num mundo congestionado. Em 2011, Ano Internacional das Florestas, a ONU quer liderar um movimento global pela valorização do patrimônio e dos serviços florestais
Outra contribuição vital das florestas é a sua capacidade de processar o ciclo da chuva, devolvendo vapor para a atmosfera pela evapotranspiração. A proximidade de uma floresta é garantia de chuva para a agricultura. A chuva que cai no Centro-Oeste e no Sul e irriga o agronegócio brasileiro é produzida pela Floresta Amazônica. A vegetação também reduz o risco de inundações e deslizamentos de terra associados a desastres naturais, como terremotos e furacões.
Segundo a FAO, as principais ameaças às florestas são o crescimento populacional e a necessidade de terras para o pastoreio e a agricultura, em particular para cultivos destinados à produção de biocombustíveis, como lenha e óleo de palma. Para expandir a pecuária extensiva, centenas de milhares de hectares de floresta são queimadas para produzir capim. Estima-se que o desmatamento cause a perda de aproximadamente cem espécies da flora e da fauna locais por dia.
Manter os ecossistemas florestais aumenta a resiliência do planeta à mudança climática. As mais eficientes opções para a conservação das florestas são a implantação de áreas protegidas e unidades de conservação. No Brasil, a extensão das reservas protegidas tem aumentado consistentemente ao longo dos anos. Há várias iniciativas em curso para promover projetos de prevenção ao desmatamento e de uso sustentável das florestas. Um deles é o Fundo Amazônia, criado em 2008, com o objetivo de captar doações para projetos na Amazônia. O governo federal pretende arrecadar US$ 21 bilhões com o fundo, dos quais U$$ 136 milhões já foram oferecidos pela Noruega e pela Alemanha.
Mais informações
Site oficial do Ano Internacional das Florestas (em inglês): www.un.org/en/events/iyof2011/
Cofre de muitas riquezas e fator de equilíbrio do planeta, a conservação da floresta está se tornando um tema cada vez mais importante num mundo congestionado. Em 2011, Ano Internacional das Florestas, a ONU quer liderar um movimento global pela valorização do patrimônio e dos serviços florestais
Floresta tropical em Sumatra, Indonésia, uma das regiões do mundo onde o desmatamento avança mais implacavelmente. À direita, membros da comunidade waorani, do Equador, uma das 2 mil culturas indígenas que dependem da floresta para sobreviver. |
Todo esse valor, difícil de ser estimado economicamente e de ser "precificado" monetariamente, vem sendo solenemente desprezado, sobretudo nos países tropicais onde as florestas ainda existem em relativa abundância. Em contraste, vários países desenvolvidos de clima frio e temperado - os que não destruíram todas as florestas no passado - hoje preservam zelosamente as suas e investem para recuperá-las, como o Japão, a Alemanha e a França. A urgência em reverter o declínio progressivo das florestas no mundo levou a Assembleia Geral da ONU a declarar 2011 como o Ano Internacional das Florestas, a fim de elevar a conscientização sobre sua gestão sustentável e conservação.
Só a retenção de gás carbônico pela biomassa florestal, evitando sua emissão na atmosfera, vale US$ 3,7 trilhões, segundo o estudo Rumo à Economia Verde, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Já o valor da biodiversidade para a produção de comida, fibras, óleos e a polinização da agricultura chega a US$ 190 bilhões por ano. Para a inovação médica e a renovação genética, vitais para o agronegócio e a indústria farmacêutica, as florestas movimentam mais US$ 640 bilhões. Tudo isso sem falar do valor intangível, imaginário e simbólico da preservação dos espaços naturais selvagens num mundo cada vez mais desprovido deles.
Cofre de muitas riquezas e fator de equilíbrio do planeta, a conservação da floresta está se tornando um tema cada vez mais importante num mundo congestionado. Em 2011, Ano Internacional das Florestas, a ONU quer liderar um movimento global pela valorização do patrimônio e dos serviços florestais
As florestas são o lar de milhões de espécies de plantas e animais (acima, à direita, rã de olhos vermelhos da América Central). O desmatamento em encostas de montanhas pode acarretar desastres, como os deslizamentos ocorridos na zona serrana do Rio de Janeiro no início deste ano (página ao lado). |
Como a maioria dos bens naturais que não tem "dono" - como o ar, a água, o clima, o sol e o mar - os serviços florestais são usados por todos e depredados por todos até o momento em que a natureza cobra a conta, como no caso dos deslizamentos de terra nas encostas desmatadas.
Cerca de 20% das emissões de CO2 provêm de atividades relacionadas ao desmatamento e à degradação florestal. O índice excede a totalidade da contribuição do setor dos transportes para a poluição mundial. O desflorestamento é hoje a segunda maior fonte de emissões de gases-estufa no mundo, só perdendo para os combustíveis fósseis. Deter ou diminuir o desmatamento é a alternativa mais barata de ação global no campo da mitigação climática.
As principais ameaças à floresta, segundo a fao , são o crescimento populacional e a necessidade de terras para a agropecuária
Apesar de toda a destruição já efetuada, as florestas tropicais, subtropicais, mediterrâneas, temperadas e boreais são o lar de milhões de espécies de plantas, animais, insetos e genes. A biodiversidade que resta no planeta depende muito dos ecossistemas florestais saudáveis. Embora cubram apenas 10% da superfície terrestre total, as florestas servem de abrigo para mais de 60% de toda a biodiversidade terrestre e de água doce.Cofre de muitas riquezas e fator de equilíbrio do planeta, a conservação da floresta está se tornando um tema cada vez mais importante num mundo congestionado. Em 2011, Ano Internacional das Florestas, a ONU quer liderar um movimento global pela valorização do patrimônio e dos serviços florestais
Outra contribuição vital das florestas é a sua capacidade de processar o ciclo da chuva, devolvendo vapor para a atmosfera pela evapotranspiração. A proximidade de uma floresta é garantia de chuva para a agricultura. A chuva que cai no Centro-Oeste e no Sul e irriga o agronegócio brasileiro é produzida pela Floresta Amazônica. A vegetação também reduz o risco de inundações e deslizamentos de terra associados a desastres naturais, como terremotos e furacões.
Segundo a FAO, as principais ameaças às florestas são o crescimento populacional e a necessidade de terras para o pastoreio e a agricultura, em particular para cultivos destinados à produção de biocombustíveis, como lenha e óleo de palma. Para expandir a pecuária extensiva, centenas de milhares de hectares de floresta são queimadas para produzir capim. Estima-se que o desmatamento cause a perda de aproximadamente cem espécies da flora e da fauna locais por dia.
Manter os ecossistemas florestais aumenta a resiliência do planeta à mudança climática. As mais eficientes opções para a conservação das florestas são a implantação de áreas protegidas e unidades de conservação. No Brasil, a extensão das reservas protegidas tem aumentado consistentemente ao longo dos anos. Há várias iniciativas em curso para promover projetos de prevenção ao desmatamento e de uso sustentável das florestas. Um deles é o Fundo Amazônia, criado em 2008, com o objetivo de captar doações para projetos na Amazônia. O governo federal pretende arrecadar US$ 21 bilhões com o fundo, dos quais U$$ 136 milhões já foram oferecidos pela Noruega e pela Alemanha.
Reflorestamentos e novos plantios A França foi um dos primeiros países a perceber a importância da preservação florestal. No fim do século 19, suas florestas ocupavam 10% da área original. A falta dessa cobertura favoreceu deslizamentos de terra em áreas montanhosas que causaram milhares de mortes. O governo lançou, então, vários programas de reflorestamento e passou a promover o manejo racional das florestas. Atualmente, as florestas ocupam quase 30% da área do país, com um crescimento anual médio de 300 km2. No Japão, no início do século 20, o governo adotou a ideia de proteger as montanhas com florestas, depois de inundações causadas pelo desmatamento. Os Alpes Japoneses, que atravessam a maior ilha do arquipélago, Honshu, foram reflorestados. Surgiram programas de proteção das encostas e cooperativas dedicadas a administrar florestas de modo sustentável. Hoje, 65% da área do país está coberta de floresta, um dos maiores índices do mundo. A Campanha Bilhões de Árvores, lançada em 2006 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pelo World Agroforestry Center, havia plantado mais de 7,4 bilhões de árvores em 2009, em 170 países, e planeja chegar a 13 bilhões no total. Muro Verde é um projeto da União Europeia (UE) e de países africanos para plantar árvores nos limites norte e sul do Saara, a fim de conter a expansão do deserto e favorecer o surgimento de um modo de vida sustentável na região. Um programa semelhante, também com o apoio da UE, está sendo desenvolvido na China. |
Mais informações
Site oficial do Ano Internacional das Florestas (em inglês): www.un.org/en/events/iyof2011/
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